
A pandemia do novo coronavírus enfraqueceu e/ou extinguiu muitas instituições a nível global. Historicamente, algumas instituições não suportam a pressão das crises, enquanto outras não resistem ao desgaste do tempo. Poucas corporações, por exemplo, perduram um século. A Escola Sabatina, principal programa de educação religiosa da Igreja Adventista do Sétimo Dia, não se abateu com a pandemia e, apesar de ter mais de 150 anos, continua relevante para milhões de pessoas.
No dia 10 de outubro de 2020, esse departamento, chamado carinhosamente "o coração da igreja", completou 167 anos. Celebrações por todo o continente sul americano foram realizadas, em milhares de congregações adventistas. A vitalidade da Escola Sabatina, em meio a recente crise sugerem as seguintes perguntas: Qual a sua origem, importância e futuro, para a Igreja Adventista do Sétimo Dia?
Como surgiu a Escola Sabatina?
Depois da área de publicações, a Escola Sabatina é o setor mais antigo da obra adventista. Uma década antes da organização formal da Igreja (1863), a Escola Sabatina já existia, funcionando em algumas congregações guardadoras do sábado. 15 anos após o seu estabelecimento, já existiam 600 unidades em pleno funcionamento.
"As primeiras escolas sabatinas organizadas de que se tem notícia realizaram-se em Rochester e Buck’s Bridge, Nova Iorque, em 1853 e 1854. Em 1878 a sessão da Associação Geral, em Battle Creek, Michigan, tomou providências para organizar melhor as 600 escolas sabatinas então existentes, formando-se uma Associação Geral da Escola Sabatina. Mais tarde foi escolhido o nome de Associação Internacional da Escola Sabatina, que continuou até ser organizado o Departamento da Escola Sabatina da Associação Geral, em 1901.
De lá para cá, as escolas sabatinas se multiplicaram por todo o mundo, contando com a participação de mais de 15 milhões de alunos – todos estudando a mesma Lição a cada trimestre. E os objetivos da Escola Sabatina continuam sendo os mesmos: confraternização (estabelecer relacionamentos de amizade), testemunho (alcançar a comunidade), estudo da Bíblia (por meio da Lição) e missão mundial (oração e oferta)". [1]
O embrião da Escola Sabatina foram as lições bíblicas para jovens, escritas por Tiago White em 1852, publicadas no periódico The Younth’s Instructor (O Instrutor Jovem). No ano seguinte, o ex-professor primário iniciou a primeira Escola Sabatina em Rochester, Nova Iorque, nos Estados Unidos. Aquela pequena semente plantada se tornaria uma grande árvore, cujos galhos se espalhariam pelo mundo todo e cujos frutos testificariam de sua origem divina.
Segundo o livro Portadores de Luz, "Tiago White pretendia que a Escola Sabatina fosse um lugar de doutrinação em 'Present Truth' [verdade presente] para as crianças dos crentes. Das primeiras quatro lições publicadas no The Youth's Instructor, duas eram sobre o sábado, uma terceira sobre a lei de Deus, e a quarta sobre a 'arca do testemunho'. Lições posteriores abrangiam as profecias de Daniel e a doutrina do santuário. Ao longo da década de 1850, os grupos adventistas dispersos desenvolveram gradualmente as escolas sabatinas, geralmente padronizadas de acordo com aquela iniciada por M. G. Kellogg em Battle Creek logo após a instalação do escritório de publicação ali. Nessa escola, coordenada em seguida por G. W. Amadon e G. H. Bell, quase todo o tempo era gasto no estudo da Bíblia. Aqueles que as frequentavam era divididos em classes de seis a oito 'estudiosos', que era totalmente interrogados e instruídos sobre a lição designada." [2] O número reduzido de crianças não impedia a implantação daquelas escolas, pois, "se houvesse apenas duas crianças em uma congregação... deveria haver uma escola sabatina" [3].
A importância da Escola Sabatina
O fato de a Escola Sabatina haver surgido na década de 1850, contribuiu no processo de organização da Igreja, já que ela tornou-se um fator agregador dos crentes após o desapontamento de 1844. Desde o início a Escola Sabatina colaborou na unidade relacional, doutrinária e missionária dos adventistas do sétimo dia, fato crescente a nível global nos últimos 150 anos.
O programa da Escola Sabatina conquistou o coração dos adventistas e de muitos amigos da igreja. Rapidamente tornou-se parte da cultura e forma de adorar e estudar a Bíblia, entre os membros da Igreja. A Escola Sabatina confunde-se com a própria Igreja, já que está presente na maioria de suas 150 mil congregações, em mais de 200 países. O lema "cada membro da igreja, um membro da escola sabatina", usado por muitos anos, reflete a importância e o papel central dessa escola missionária mundial.
A Igreja Adventista do Sétimo Dia não seria a mesma sem a Escola Sabatina. Não seríamos tão amigos; não conheceríamos tão bem nossas bíblias, não teríamos a mesma visão global da missão e não estaríamos tão envolvidos no testemunho à comunidade, sem a Escola Sabatina. Ela é indispensável para nossa saúde denominacional. É em grande parte por meio dela que nossos membros, em todas as faixas etárias, são discipulados, adquirem um senso de pertencimento e desenvolvem sua identidade adventista.
Como disse Raúl Quiroga, um "fanático da Escola Sabatina", nós não somos a Igreja do revive [domingo a noite], somos a Igreja da Escola Sabatina." Para o erudito, que ensina teologia a décadas, o que distingue a Igreja de outras denominações religiosas é seu programa de sábado pela manhã. Enquanto as corporações religiosas enfatizam as celebrações noturnas em seus cultos, nós valorizamos o estudo durante o dia. [4]
A Escola Sabatina, segundo Ellen White, "é importante", "possui maravilhoso poder e se destina a realizar uma grande obra", "proporciona a jovens e adultos o conhecimento da Palavra de Deus", "é um campo missionário", e o instrumento "mais eficaz, em levar pessoas a Cristo" . Por essa razão "todos os que se interessam pela verdade devem se esforçar por torná-la próspera" [5].
O futuro da Escola Sabatina
Embora a Escola Sabatina tenha se expandido mundialmente, vinha perdendo sua vitalidade nas últimas décadas. Vários fatores podem ser atribuídos a isso. A diminuição na frequência dos alunos e o desinteresse no estudo da lição da Escola Sabatina (guia de estudos), eram preocupantes. No território da Divisão Sul Americana várias iniciativas foram colocadas em prática para fortalecer o coração da Igreja. Pessoalmente creio que as três mais bem sucedidas foram a capacitação dos oficiais, o projeto maná e o aniversário da Escola Sabatina. Essas e outras medidas tem revitalizado nosso programa em muitos lugares da América do Sul, que fica mais forte a cada ano. [6]
O futuro da Escola Sabatina está garantido, pois, afinal de contas, ela nos incentiva "ao constante estudo da Bíblica, reforçando continuamente nossa identidade doutrinária, e por proporcionar um ambiente ideal para o discipulado cristão, essa escola pode ser considerada o centro do sistema que mantém vivo o corpo de Cristo. Se devidamente conduzida, ela pode ser um poderoso instrumento para guiar crianças, jovens e adultos à Palavra de Deus e motivá-los a estar cada dia mais engajados na pregação do evangelho eterno." [7]
Pesquisas recentes demostram que os membros da Igreja reconhecem o valor tanto da Escola Sabatina como da lição para a formação de hábitos espirituais. "A Escola Sabatina recebeu a classificação mais alta de qualquer outra ferramenta para o desenvolvimento espiritual em sete das nove divisões mundiais pesquisadas: mais de 50% dos entrevistados indicaram que frequentar a Escola Sabatina os ajudava 'muito' no desenvolvimento da vida espiritual'". É encorajador que a maioria (68%) dos membros da igreja a nível mundial assistam regularmente a Escola Sabatina semanalmente ou com mais frequência! [8] Por essa razão, vida longa a essa Escola de Esperança!
Ribamar Diniz
Mestrando em Teologia (SALT/FADBA)
Referências:
[1] https://ap.adventistas.org/escolasabatina/historia-da-escola-sabatina/ (Acesso: 11/10/2020).
[2] Richard W. Schwarz e Floyd Greenleaf, Portadores de luz: História da Igreja Adventista do Sétimo Dia (Engenheiro Coelho, SP: Unaspress, 2009), p. 117.
[3] Portadores de luz, p. 117.
[4] Raúl Quiroga, Anotações de Classe. Universidad Adventista de Bolivia, Vinto, Chochabamba. 2013.
[5] Ellen G. White, O coração da Igreja: famílias unidas na palavra e na missão (Tatuí, SP: CPB, 2019), p. 5-6.
[6] Várias dessas iniciativas colocadas em práticas são apresentadas em Edison Choque Fernandez e Everon Donato, Revista Escola de Esperança, Nº 3, Ano 3, 2017, (Brasília, DF: Departamento da Escola Sabatina da Divisão Sul Americana). Sobre o aniversário anual veja http://www.adventistas.org/pt/escolasabatina/projeto/aniversario/; sobre o projeto maná veja https://projetomana.cpb.com.br/catalogo.html.
[7] O coração da Igreja, 4.
[8] https://www.adventistresearch.org/blog_20feb2019_pr. (Acesso: 11/10/2020)
Obrigada pastor Ribamar Diniz por nos proporcionar acesso a materiais tão importantes, parabéns por sua dedicação a obra e as ovelhas do seu pastoreio, obrigada por nos ensentivar todos os dias a buscarmos mais conhecimento de Deus e a nós envolvermos mais e mais né missão de salvar almas para o reino dos céus, que Deus abençoe cada dia mais sua vida, sua família e seu ministério.