Caleidoscópio do adventismo brasileiro

É no Brasil onde a Igreja Adventista do Sétimo Dia possui o maior número de membros, o maior número de Desbravadores, sua maior editora e rede de comunicação, uma das melhores infraestruturas eclesiásticas, projetos inovadores e a formação recente de uma base missionária para o planeta. Além do envio de missionários, o adventismo brasileiro tem sido pesquisado para a aplicação de modelos de crescimento em outras partes do mundo.

Todas essas conquistas não são motivo para ufanismo ou resultado de mérito próprio. A Igreja Adventista no Brasil cresceu graças à bondade de Deus, ao apoio da igreja mundial e com o propósito de cooperar com a pregação do evangelho em outros lugares. Deus permitiu que o solo brasileiro fosse fértil para a mensagem e tem abençoado a igreja com recursos, para partilharmos com o mundo o que recebemos por Sua graça.    

O adventismo brasileiro tem contribuído decisivamente com a missão local e global, por ser uma referência em várias áreas. O caleidoscópio adventista inclui espelhos que se encaixam para formar um belo quadro do amor de Deus, de Sua Palavra e de seu compromisso com a Grande Comissão. Apesar desse aparato denominacional unificado, que reflete a face de Cristo e a multiforme graça de Deus, há pequenas rupturas capazes de distorcer essa imagem. Talvez nossa unidade e identidade sejam os mais afetados ultimamente. Alguns projetos bem-intencionados têm gerado tensão entre o adventismo bíblico e o chamado novo adventismo ou adventismo pós-moderno. Embora devamos experimentar novos métodos e ser inovadores, não podemos abandonar a plataforma da verdade que define nosso êxito permanente.

Comparando a Igreja a um corpo feminino, eu diria que nossa cabeça está em Brasília (sede da DSA), nosso tórax em São Paulo (sede de grandes instituições como a CPB, Unasp, Superbom, Novo Tempo, IATEC etc.), nossas pernas estão no Norte e Nordeste (velocidade na missão), nossas mãos no Sudeste e Centro-Oeste (capacidade de servir), nosso ventre no Sul (onde a obra começou), mas nosso coração está irmanado na promessa da volta de Jesus.

Entretanto, em um país continental, os adventistas migram de um lugar para outro, partilhando experiências e liderança. Ao invés criticar certos lugares ou setores da obra, valorize o que temos de melhor. O Unasp, por exemplo, em minha opinião, é nossa Jerusalém, onde o adventismo fervilha em uma membresia multiétnica, onde há líderes talentosos e teólogos dedicados a formar novos missionários dispostos a servir. O Maranhão, por outro lado, é onde o envolvimento dos membros na missão é insuperável. Diz-se que lá, se o pastor não atrapalhar, a igreja faz o trabalho e, se ele não sair da frente, a igreja o atropela. A Bahia, outro estado-chave na configuração adventista nacional, possui vários campos e uma retenção de membros que impressiona. O Rio de Janeiro já produziu as mais belas vozes adventistas, capazes de trazer a atmosfera do céu à terra. A Casa Publicadora Brasileira tem difundido livros e revistas capazes de levantar igrejas e converter vidas. A Superbom alimenta a nação, com sabor e saúde. A Rede Novo Tempo, nas asas dos anjos apocalípticos, ultrapassa todas as barreiras, alcançando mentes e corações em todos os rincões nacionais e internacionais. Assim, cada estado, cidade, congregação e instituição torna-se um pequeno espelho colorido, dando a simetria e beleza ao caleidoscópio adventista.    

Eu já colportei em quatro das cinco regiões do Brasil, conhecendo a igreja de perto. Conheci a mensagem adventista no Nordeste, onde vivi por 11 anos, e estou atuando como missionário há 12 anos na região Norte. As duas uniões do Nordeste têm uma excelente combinação entre evangelismo, discipulado e identidade, enquanto as duas uniões do Norte apresentam um adventismo pujante, pelo fervor e envolvimento dos membros na missão e os grandes resultados obtidos.     

Para Alberto R. Timm, foi na região amazônica que nossa igreja escreveu um de seus capítulos “mais românticos”. A Igreja Adventista na União Norte possui os maiores desafios geográficos, financeiros e logísticos do país, para o cumprimento da missão. Aqui, onde a fé dos missionários é testada diariamente, também acontecem os maiores milagres e colheitas batismais no campo da DSA. Continue orando pelos missionários dessa região, onde pastores e membros são apaixonados pelo evangelismo (tanto o público como o pessoal).

O mosaico adventista brasileiro não está completo sem a famosa Fazenda Passos, Rolante e Gaspar Alto, berço do adventismo brasileiro. Desses lugares, inúmeros obreiros e administradores foram forjados para impactar o país e o mundo. Nomes como José Amador dos Reis e Roberto Rabelo, só para citar dois, são naturais da região.  

Deus tem abençoado o seu povo em todos os países. Dizem, porém, que “Deus é brasileiro”. Exageros à parte, é certo que o Senhor tem um plano especial para nosso país, onde a tríplice mensagem tem alcançado milhares e uma multidão está sendo preparada para a volta de Jesus, “do Oiapoque ao Chuí”. 

Ribamar Diniz

Pastor, escritor e editor.