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Foto do escritor Ribamar Diniz

O Feriado e a Imortalidade dos Finados

O DIA 02 de novembro é considerado o dia de finados no Brasil. É bom termos um dia para lembrar nossos queridos que já faleceram e que nos fazem tanta falta. Nessa data, mais que em qualquer outra, as pessoas visitam os cemitérios e túmulos de familiares, amigos e até de estranhos. As sepulturas onde jazem os restos mortais de celebridades são os mais procurados.


Tive a oportunidade de visitar em 2008 o túmulo do cantor Leandro. Diferente de outros, o jazigo simples traz um violão feito com grama pingo de ouro. A mensagem é óbvia. Leandro realmente vivia para a música e alegrava milhares com suas canções.


Gostamos de visitar os túmulos dos entes queridos porque eles eram importantes para nós. Ali em frente a cova relembramos o que faziam de melhor e como alegravam a nossa existência. Alguns se arrependem por não terem demonstrado todo o carinho que o parente merecia. Por isso ou por várias outras razões as pessoas deixam flores, acendem velas, fazem orações e choram. Outros confessam erros do passado e pedem orientação para o futuro.


Mas, aqueles que já se foram estão conscientes da presença dos seus familiares? Podem sentir o sofrimento de seus queridos? Os astros populares podem ver a homenagem de seus antigos fãs? Os finados possuem imortalidade?


Embora exista uma diversidade de opiniões a respeito desse assunto, baseada nas mais variadas fontes ou experiências, gostaria de abordá-lo usando a autoridade das sagradas Escrituras. Parece ser nela que um grande número de pessoas (especialmente os católicos) se baseia para manter contato com os mortos que, segundo a igreja católica estão no céu, no purgatório ou no inferno. [1]


A morte realmente exerce um fascínio sobre o mundo. Todos querem desvendá-la. Multidões creem firmemente que o mundo do além pode colaborar com o nosso. O que acontece após a morte de uma pessoa? Ela segue (em outra esfera ou local) vivendo? Recebe poderes adicionais que não possuía na Terra? Para entendermos o que acontece na morte precisamos primeiro entender como se originou a vida. Para tanto, vamos ao relato bíblico da criação.


O livro de Gênesis, que relata as origens da terra, dos animais e dos seres humanos, explica que Deus “criou o homem a sua imagem, a imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou” (capítulo 1:27). Ademais de informar que tanto homens quanto mulheres foram feitos à imagem do Criador, esse texto não explica muito sobre a origem da vida.


No capítulo dois de Genesis, Moisés expande o assunto, quando escreveu: “Formou o Senhor Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente.” (2:7). Facilmente se pode concluir que o ser humano é formado por dois componentes muito distintos: o pó da terra e o fôlego de vida. A união dos dois formou “a alma vivente”. Diferente da opinião popular uma alma não é a “parte espiritual e imortal do homem”, nem é um “fantasma”.[2].


Essa crença tão arraigada nas igrejas cristãs foi adotada do paganismo romano [3], que o adotou dos gregos. A crença “na imortalidade natural do homem e sua consciência na morte”, lançou o fundamento para a Igreja Católica “estabelecer a invocação dos santos e a adoração da virgem Maria” bem como a heresia do tormento eterno (inferno) e de um lugar de punição (purgatório), onde as almas não condenadas ao inferno podem ser admitidas no céu. [4]


A Bíblia deixa claro (I Tessalonicenses 5:23) que o ser humano, ou uma alma vivente é um ser completo (física, mental e espiritualmente). A morte é justamente o oposto da vida. Morremos quando o pó volta à terra, “como o era, e o espírito volta a Deus, que o deu.” (Eclesiastes 12:7). Quando paramos de respirar e a centelha de vida volta para as mãos de quem nos deu, o nosso corpo se desintegra, entrando em decomposição. A Bíblia explica porque e quando isso começou a acontecer.


Após brindar o homem com todas as dádivas necessárias para a vida, Deus lhe advertiu como permanecer sempre vivo (ou seja, imortal): “E o Senhor Deus lhe deu esta ordem: De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás.” (Genesis 2:16-17). Satanás empregando como intermediário a serpente [5] levou a mulher a crer que desobedecendo a Deus (comendo do fruto proibido) não morreria, mas teria uma experiência superior (“seria como Deus”).


A mulher provou do fruto e deu-o ao esposo, lançando suas vidas e a de seus descendentes para sempre no domínio do pecado e da morte (Gênesis 3:1-6; Romanos 5:12). Agora, sem mais acesso a árvore da vida (que perpetuava a vida) Adão “tornou-se sujeito a morte. A imortalidade fora perdida pela transgressão. Não teria havido esperança para a raça decaída, não houvesse Deus, pelo sacrifício de Seu Filho, trazido novamente a imortalidade ao alcance. Ao passo que ‘a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram’, Cristo ‘trouxe a luz a vida e a mortalidade, mediante o evangelho. ’” [6].

 

A declaração de Satanás “‘É certo que não morrereis’ – foi o primeiro sermão pregado sobre a imortalidade da alma.” Essa afirmação ecoa dos púlpitos e é aceita pela humanidade como no princípio, enquanto a sentença: ‘A alma [ser humano] que pecar essa morrerá’ (Ezequiel 18:20) é interpretada como “não morrerá, antes viverá eternamente”.[7] Apesar de nenhum descendente de Adão ter participado da árvore da vida, Satanás ordenou aos seus anjos que ensinassem a humanidade “a crença na imortalidade natural do homem",[8]. Alejandro Bullón, em seu livro O Terceiro Milênio e as Profecias do Apocalipse esclarece que as aparições de fantasmas, óvnis, lobisomem, parentes mortos, e seres de outro mundo são uma maneira de Satanás manter seus enganos.


Embora não seja incorreto visitar e até decorar com flores os túmulos de parentes ou amigos (Ver Neemias 2:3; Mateus 28:1; Lucas 23:56) não devemos consultar “os mortos; pois todo aquele que faz tal coisa é abominação ao Senhor” (Deuteronômio 18:11). A razão para tal advertência é muito simples: “os mortos não sabem de coisa nenhuma, nem tampouco terão eles recompensa, porque a sua memória jaz no esquecimento. Amor, ódio e inveja para eles já pereceram; para sempre não têm eles parte em coisa alguma do que se faz debaixo do sol.” (Eclesiastes 9:5-6).

 

Devemos durante o feriado, estar conscientes que os defuntos não possuem imortalidade. Apesar de terem sido muito importantes para nós eles já não vivem. Todos os que desceram a sepultura estão em um estado de completa inconsciência (Ver Salmo 146:4; Isaías 38:18,19; salmo 6:5). Portanto não devemos elevar preces em seu favor porque não nos podem mais ouvir. Não devemos acender velas porque já não podemos iluminá-los, pois a salvação só e possível em vida, quando nos entregamos a Deus e vivemos conforme sua Palavra (João 8:12; Atos 2:37-47).


O apóstolo Paulo tem uma mensagem para você que tem falecidos na família. Ele diz que não devemos ser "ignorantes com respeito aos que dormem, para não vos entristecerdes como os demais, que não têm esperança. Pois se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também Deus, mediante Jesus, trará, em sua companhia, os que dormem... nós, os vivos, os que ficarmos até a vinda do Senhor, de modo algum precederemos os que dormem. Porquanto o Senhor mesmo, dada a Sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois, nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e assim estaremos para sempre com o Senhor. Consolai-vos, pois, uns aos outros com estas palavras.” (I Tessalonicenses 4:13-18).


Embora não saibamos se nossos familiares estão salvos, devemos nós mesmos aceitar hoje a graça salvadora [8] de Cristo Jesus (Romanos 12:17,19) e acalentar o pensamento de abraçá-los na manhã da ressurreição, quando a morte será “tragada pela vitória” para sempre (I Coríntios 15:54; Apocalipse 21:4).

 

Ribamar Diniz é pastor, escritor e editor.

 

 

Referências:

[1] Catecismo da Igreja Católica, São Paulo: Edições Loyola, 2000, pág. 288-292.

[2] Silveira Bueno, Minidicionário da língua português.

[3] Ellen White, O Grande Conflito, Ed. Condensada, Tatuí, São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 1996, pág. 32

[4] Ibid. pág. 38.

[5] Ibid. pág. 316.

[6] Ibid. pág. 317.

[7] Ibid. pág. 37-318.

[8] Revista Adventista, junho de 1999, Tatuí, são Paulo: Casa Publicadora Brasileira, pág. 34.

 

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