A Igreja Adventista do Sétimo Dia possui características peculiares que a identificam como o povo remanescente para o tempo do fim. Apocalipse 12:17 diz que uma dessas características é “o testemunho de Jesus”, identificado em Apocalipse 19:10 como “o Espírito da Profecia”. Uma das crenças fundamentais dos Adventistas do Sétimo Dia (ASD), está relacionado a profecia, pois cremos que:
"As Escrituras revelam que um dos dons do Espírito Santo é a profecia. Esse dom é uma característica da Igreja remanescentes e nós cremos que ele foi manifestado no ministério de Ellen G. White. Seus escritos falam com autoridade profética e proveem consolo, orientação, instrução e correção para a igreja. Eles também tornam claro que a Bíblia é a normal ela qual deve ser provado todo ensino e experiência (Nm 12:6; 2Cr 20:20 Am 3:7; Jo 2:28,29; At 2:14-21; 2Tm 3:16, 17; Hb 1:1-3; Ap 12:17; 19:10; 22:8,9)."[1]
A Igreja Adventista e o Dom profético
Ellen G. White (1827-1915), foi co-fundadora da Igreja Adventista do Sétimo Dia. A sua obra forneceu instruções inspiradas para o povo de Deus que vive no tempo do fim. Tendo passado com êxito nos testes bíblicos de um profeta verdadeiro, ela ministrou através do seu dom durante setenta anos. De 1844, quando tinha 17 anos, até 1915, ano de sua morte, ele teve mais de 2.000 visões. Durante esse tempo, ela viveu e trabalhou nos Estados Unidos, na Europa e na Austrália, aconselhando, pregando e estabelecendo novas frentes de trabalho.[2]
Preservar e divulgar o seu legado profético é uma das prioridades da Igreja, pois estas mensagens “figuram como o nosso depósito mais sagrado, depois das Sagradas Escrituras”[3]. A produção literária de Ellen White totaliza “aproximadamente 25 milhões de palavras ou 100.000 páginas, que incluem cartas, diários, artigos de periódicos e livros”. Para Herbert E. Douglass, o principal objetivo de seus escritos, foi apresentar uma correta concepção de Deus conforme revelada por Jesus Cristo, para tornar a salvação clara e atraente.[4]
Convém lembrar que, em 19 de fevereiro de 1912, aos 85 anos de idade, Ellen White assinou seu testamento, que “em essência, criou o White Center Incorpored (Centro White), um conselho de cinco membros vitalícios, composto por Artur G. Daniells, presidente da Associação Geral; F. M. Wilcox, editor da Review and Herald; C. H. Jones, gerente da Pacific Press; Clarence C. Crisler, um de seus secretários e William C. White, seu filho. Tanto os primeiros depositários quanto seus sucessores receberam o poder de: (1) melhorar os livros e manuscritos mantidos sob custódia; (2) obter e imprimir novas traduções; (3) preparar novas compilações com base em seus manuscritos.[5]
Até sua morte em 1937, W. C. White foi o principal responsável pelos projetos do Centro White, cujos arquivos foram mantidos em um cofre em um prédio construído em Elmshaven, casa da irmã White em seus últimos anos. Após a morte de W. C. White, seu filho Arthur L. White tornou-se secretário do White State, formalmente constituído em 1933. Ele supervisionou a transferência de todos os arquivos e manuscritos de sua avó para escritórios preparados no andar térreo da Associação Geral, em Takoma Park, Maryland. Posteriormente esses arquivos foram transferidos para a nova sede da Associação, em Washington, DC.[6]
A ideia de formar Centros de Pesquisa partiu de Arthur White, secretário do White State até 1978, além de levar os escritos de sua avó para outras Divisões e países. O White Estate da Conferência Geral estabeleceu três filiais nos EUA: na Andrews University (1960), em Loma Linda (1976) e no Oakwood College (1999). Além disso, foram estabelecidos Centros de Pesquisa White, geralmente em instituições superiores, em todas as Divisões da Igreja, totalizando uma rede de 21 centros no mundo[7]. Existem três níveis diferentes para um Centro White, sendo o Minicentro White (nas igrejas e escolas adventistas); o Centro de Estudos Ellen G. White (em instituições educacionais com graduação) e o Centro de Pesquisas Ellen White (em instituições com pós-graduação).
Os Minicentros White no Brasil
O Doutor Alberto R. Timm, então diretor do Espírito de Profecia na Divisão Sul Americana (entre 2007 e 2011), convencido de que os escritos de Ellen White são cruciais para a identidade adventista coordenou a proliferação de minicentros White no Brasil e em outras partes da América do Sul. Como o objetivo dos Centros White é “preservar, divulgar, traduzir e tornar amplamente conhecidas as mensagens que Deus deu ao seu povo neste momento”[8], eles também são ambientes adequados para pesquisa teológica e estudo devocional.
Atualmente existem 327 Minicentros White oficiais no Brasil, sendo 69 na União Central Brasileira; 12 na União Centro-Oestre; 32 na União Leste; 12 na União Norte; 12 na União Nordeste Brasileira; 3 na União Noroeste; 91 na União Sudeste Brasileira e 96 na União Sul Brasileira.[9] Embora credenciados pelo Centro de Pesquisas Ellen G. White do Unasp, que coordena toda a rede, a maioria estão com cadastro desatualizado, e faz-se necessário um plano efetivo de acompanhamento desse projeto tão relevante para nossa Igreja.
É importante destacar que a pesquisa Retratos da Leitura do Brasil[10], divulgada em novembro de 2024, inclui um livro de Ellen G. White como um dos mais lembrados pelos brasileiros.
O estabelecimento desses minicentros White acontece em um momento quando o interesse geral pela leitura de livros diminui em nosso país. Segundo pesquisa realizada pelo Instituto Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria) pelo menos “53% dos entrevistados não leram nem mesmo parte de uma obra nos três meses anteriores à pesquisa.” Apesar disso, o interesse por livros religiosos é significativo. “Em relação ao gênero de maior preferência, as obras de caráter religioso aparecem em quarto lugar atrás de romance, contos e curiosamente a Bíblia. Tal fenômeno se repete desde as avaliações realizadas no ano de 2011.”[11]
A pesquisa apresenta a lista dos 28 livros mais marcantes na opinião dos entrevistados, que responderam à pergunta: qual é o livro que mais marcou o senhor ou senhora ou que mais gostou de ler? O primeiro livro da lista é a Bíblia Sagrada, referência máxima do cristianismo. Em 25º lugar está a obra O Grande Conflito[12], de autoria de Ellen White. Quando a questão foi qual o último livro que a pessoa estava lendo, a obra O Grande Conflito pulou para o segundo lugar ficando atrás apenas da Bíblia.[13]
Como a pesquisa revela, Ellen White é uma importante autora em nosso país. Como adventistas do Sétimo Dia, precisamos valorizar seus escritos, estabelecendo centros White em nossas igrejas e escolas, além de motivar o estudo pessoal de suas obras.
Ribamar Diniz é Mestre em Teologia (SALT/FADBA), Especialista em Missão Urbana (FADBA) e Mestre em História Social (Unifap). Atualmente é membro da Sociedade Criacionista Brasileira e pastor na Missão Pará-Amapá.
Referências:
[1] Nisto cremos, p. 278.
[2] Nisto cremos, p. 288.
[3] Élbio Pereyra, “Preservação e Custódia dos Manuscritos de Ellen White”, Revista Adventista [Brasil], outubro, 1979, 12.
[4] Herbert E. Douglass, Mensageira do Senhor: O ministério profético de Ellen White (Tatuí, São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 2015), p. 462.
[5] Último testamento de Elena G. de White. Transcrito en Douglass, Mensageira do Senhor, p. 569-572.
[6] DINIZ; Aguiar. Revista Doxa. Ano 3, Nº 1, 2013, p. 63-76.
[7] https://centrowhite.org.br/centro-white/historico-e-objetivo/. Acesso: 20 nov. 2024.
[8] Daniel Oscar Plenc, Revista Adventista [Argentina], Julio de 2006, 26.
[9]Centro de Pesquisas Ellen g. White – Unasp. Minicentros White Oficiais. https://centrowhite.org.br/mcw/credenciados/. Acesso: 24 nov. 2024.
[10] Instituto Pró-livros. Mais detalhes em https://pesquisa.prolivro.org.br/press-kit-retratos-da-leitura-no-brasil. Acesso: 24 nov. 2024.
[11]Felipe Lemos, O Grande Conflito é um dos livros mais lembrados no Brasil. ASN. https://noticias.adventistas.org/pt/o-grande-conflito-e-um-dos-livros-mais-lembrados-no-brasil/. Acesso: 24 nov. 2024.
[12] Segundo a Casa Publicadora Brasileira, desde 1920 o livro existe no idioma português. E até hoje foram produzidas 34 milhões e 450 mil cópias. Nos anos de 2023 e 2024, inclusive, o livro O Grande Conflito foi distribuído gratuitamente pelos adventistas do sétimo dia em todo o planeta. Na América do Sul, o projeto de entrega gratuita e massiva do livro se chama Impacto Esperança. Felipe Lemos, O Grande Conflito é um dos livros mais lembrados no Brasil. ASN. https://noticias.adventistas.org/pt/o-grande-conflito-e-um-dos-livros-mais-lembrados-no-brasil/. Acesso: 24 nov. 2024.
[13]Felipe Lemos, O Grande Conflito é um dos livros mais lembrados no Brasil. ASN. https://noticias.adventistas.org/pt/o-grande-conflito-e-um-dos-livros-mais-lembrados-no-brasil/. Acesso: 24 nov. 2024.
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