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5 Passos para o crescimento espiritual segundo o livro Caminho a Cristo

Foto do escritor:  Ribamar Diniz Ribamar Diniz

Como florescer no deserto desse mundo? Como viver na luz, num mundo em trevas? Como produzir o fruto do Espírito (Gl 5:22), numa sociedade que idolatra as obras da carne (Gl 5:19-21)? Como crescer espiritualmente, quando a natureza humana tende ao retrocesso?

O mercado editorial cristão em geral e adventista em particular está repleto de livros sobre crescimento espiritual. Entre os livros produzidos pela Casa Publicadora Brasileira com esse enfoque, eu recomendo O reavivamento verdadeiro, de Mark Finley; Ouse pedir mais, de Melody Mason e Revolução do Espírito, de Ron Clouzet. Mas há um livro que supera todos esses e oferece princípios inspirados sobre os passos para a salvação e o verdadeiro crescimento espiritual.


Origem e influência do livro Caminho Cristo

O livro Caminho a Cristo, escrito por Ellen G. White, completou 130 anos em 2022. Esse clássico da principal autora adventista, segundo Arthur White, seu neto e biógrafo, é “sua obra-prima sobre a vida cristã vitoriosa”[1]. Para Marcos de Benedicto, a obra combina profundidade e simplicidade, sendo “uma ferramenta espiritual, educacional e transformacional por excelência”.[2] James R. Nix, ex-diretor do White State, resumiu a história da publicação dessa obra.


Surgido em 1892, “Caminho a Cristo foi um dentre os vários livros cristocêntricos produzidos por Ellen White durante os anos 1890”, a semelhança de O Maior Discurso de Cristo (1896), O Desejado de Todas as Nações (1898) e Parábolas de Jesus (1900). Logo após a assembleia da Associação Geral de 1888, cuja ênfase foi a justificação pela fé, Ellen White e outros pregaram sobre o assunto em igrejas e campais. Com isso, vários pastores pediram para ela escrever um pequeno livro cristocêntrico para os evangelistas e as livrarias venderem. Marian Davis, secretária de Ellen White, foi encarregada de localizar e montar em um manuscrito os vários escritos de White sobre a vida cristã; o que ela fez, com base nos artigos publicados na Review and Herald e Signs of the Times, nos capítulos de livros já publicados, cartas pessoais e manuscritos inéditos. Ellen White também escreveu “material novo para completar alguns capítulos, ou reescreveu partes já escritas, para se encaixar melhor ao livro”. Para alcançar uma distribuição mais ampla, o volume original de Steps to Christ, foi publicado pela primeira vez, em 1892 pela Fleming H. Revell Company (editora não adventista), com doze capítulos, apenas. Posteriormente foi acrescentado o capítulo 13, presente nas edições atuais. Embora a Revell tenha publicado sete edições durante o primeiro ano, em 1896 concordou em vender os direitos autorais para a Review and Herald Publishing Company que, anos depois, transferiu esses direitos para Ellen White.[3]


Ao longo dos anos, Caminho a Cristo foi publicado em muitos idiomas e formatos, desde o volume impresso, o áudio book e mais recentemente as edições online. Embora não se saiba quantos exemplares já foram publicados, o Patrimônio Literário Ellen G. White afirma que o volume já foi traduzido para mais de 165 idiomas, nos cinco continentes[4]. Somente no Brasil, já foram publicados 7, 2 milhões de exemplares, incluindo o livro missionário Esperança para Viver (2008) e a revista Paz na Tempestade[5], tornando-se um dos livros que mais converteu pessoas em solo brasileiro na história da Igreja Adventista do Sétimo Dia.

Passos para o crescimento espiritual

Nesse poderoso livro podemos encontrar cinco passos para o crescimento espiritual. Esses passos são princípios simples, derivados da Bíblia e podem ser praticados pela operação da graça de Deus no coração humano.


Confessar os pecados.

Em sua primeira epístola, o apóstolo João assegurou: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.” (1Jo 1:9). Nesse sentido, Ellen White apresenta a confissão completa dos pecados como a “primeira condição para” para sermos aceitos. Ela também explica a abrangência da confissão e como ela deve ser feita.


“Os que não se humilharam diante de Deus, reconhecendo sua culpa ainda não cumpriram a primeira condição para que sejam aceitos. Se ainda não experimentamos o arrependimento completo e definitivo e não confessamos nosso pecado com verdadeiro humildade e espírito quebrantado, aborrecendo nossa iniquidade, não estamos buscando o perdão dos nossos pecados com sinceridade. E, procedendo assim jamais encontraremos a paz de Deus.”[6]


“A confissão verdadeira sempre tem um caráter específico e reconhece cada pecado em particular. Esses pecados podem ser do tipo que devem ser levados unicamente a Deus; podem ser erros que precisam ser confessados aqueles que sofreram a ofensa; ou podem ter um caráter público, devendo, então, ser confessados em público. Mas toda confissão deve ser objetiva e direta, reconhecendo os pecados dos quais somos culpados.”[7]


Buscar a Deus acima de tudo.

Escrevendo no contexto do cativeiro babilônico, o profeta Jeremias afirmou que os israelitas poderiam encontrar novamente o favor de Deus, caso sua busca fosse sincera. “Buscar-me-eis, e me achareis, quando me buscardes de todo o vosso coração.” (Jr 29:13). Segundo Ellen White, para adequar-se à vontade de Deus, o cristão precisa vencer o próprio eu, submetendo sua vontade ao Senhor e renunciar a tudo que nos afaste dEle.

“A luta contra o eu é a maior de todas batalhas. A renúncia do eu, a sujeição de tudo a vontade de Deus, requer uma luta, mas a pessoa deve se submeter a Deus antes de ser renovada em santidade.”[8]


“Quando nos entregamos a Deus, temos necessariamente que renunciar a tudo que nos separa dEle. Por isso, Ele diz: “Todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo quanto tem não pode ser Meu discípulo” (Lc 14:33). Tudo que afasta nosso coração de Deus deve ser abandonado. O dinheiro é o ídolo de muitos. O amor ao dinheiro e o desejo de possuir riquezas são a corrente de ouro que os prende a Satanás. Há outros que idolatram a fama e a honra humana. A vida de comodidade egoísta e sem responsabilidades também funciona como um ídolo para outras pessoas. Mas essas amarras que escravizam devem ser cortadas. Não podemos ser metade do Senhor e metade do mundo. Não somos filhos de Deus, a menos que o sejamos inteiramente.”[9]


Guardar a Lei de Deus.

Em sua epístola aos Coríntios, Paulo escreveuque, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.” (2Co 5:17). O apóstolo deixa claro nessa passagem que a conversão ou novo nascimento produz uma atitude de obediência a Deus e prazer nas coisas sagradas. Por isso, White explica que há perigo tanto em confiar nas obras para a santificação como desprezar a lei de Deus, cuja obediência depende da graça de Deus.


“Há dois erros que os filhos de Deus – em particular aqueles que há pouco passaram a confiar em Sua graça – precisam especialmente evitar. O primeiro, é o de considerar as próprias obras e confiar naquilo que podem realizar para ficar em harmonia com Deus. Aquele que procura se tornar santo buscando, por meio das próprias obras, guardar a lei está tentando algo impossível. Tudo o que o ser humano pode fazer sem Cristo está poluído pelo egoísmo e o pecado. Somente a graça de Deus, por meio da fé, pode nos santificar [...] O erro oposto, e não menos perigoso, é acreditar que Cristo isenta a pessoa de guardar a lei de Deus; que, considerando que somente pela fé nos tornamos participantes da graça de Cristo, nossas obras nada tem a ver com nossa redenção.’”[10]


Testemunhar sobre o amor de Deus.

Antes de voltar ao céu, após sua ressurreição, Cristo deu uma missão especial aos seus seguidores: “Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo.” (Mt 28:19).


Ellen White é clara ao falar sobre a importância do testemunho. Tanto no aspecto individual como coletivo, é o dever do cristão e da igreja “levar o evangelho ao mundo”. O título do capítulo 9 do livro Caminho a Cristo, “o prazer de testemunhar”, é muito apropriado.


“A única maneira de crescer na graça é fazer, de maneira desinteressada, o próprio trabalho que Cristo nos ordenou – empenhar-nos na medida da nossa habilidade em ajudar e abençoar os que precisam do auxílio que podemos dar. A força se desenvolve pelo exercício; a atividade é uma condição para a sobrevivência. Os que procuram manter a vida cristã aceitando passivamente as bençãos concedidas por meio da graça, e nada fazem por Cristo, estão simplesmente tentando viver apenas do alimento, sem exercitar-se. A igreja de Cristo é a agencia designada para a salvação do ser humano. Sua missão é levar o evangelho ao mundo. E essa obrigação repousa sobre os ombros de todos os cristãos.”[11]


Desenvolver uma vida de oração e estudo da Bíblia.

Jesus incentivou as pessoas a orar, pois, “todo o que pede, recebe; e quem busca, acha; e ao que bate, abrir-se-lhe-á.” (Mt 7:8). Por sua vez, Pedro, um de seus discípulos, falou sobre a importância de conhecimento de Jesus, através das Escrituras. “Antes crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A ele seja dada a glória, assim agora, como até o dia da eternidade.” (2Pe 3:18). A oração e o estudo da Bíblia parecem ser as duas principais colunas para o crescimento espiritual, pois “é impossível que a espiritualidade de uma pessoa floresça se a oração for negligenciada.”[12] Além do mais, “na medida em que o povo de Deus estiver crescendo na graça, obterá de maneira constante uma compreensão clara da Sua Palavra.”[13]


“As trevas do maligno envolvem os que negligenciam a oração. As tentações sussurradas pelo inimigo os levam a pecar; e tudo isso porque não se utilizam dos privilégios que Deus lhes deu, os quais advém da oração. Porque deveriam os filhos e filhas de Deus ser relutantes em orar, quando a oração é a chave nas mãos do cristão para abrir os depósitos do Céu, onde estão armazenados os ilimitados recursos da Onipotência? Sem oração constante e perseverante vigilância, corremos o risco de ficar cada vez mais descuidados, e de nos desviar do caminho certo.”[14]


“Deus deseja que o ser humano exercite o raciocínio; como nenhum outro, o estudo da Bíblia fortalece e aumenta a capacidade da mente. Devemos abrir Sua palavra com reverência, como se estivéssemos em Sua presença. Ao lermos a bíblia, a razão deve reconhecer uma autoridade superior a si própria, e o coração e a inteligência devem se curvar perante o grande EU SOU.”[15]


Considerações finais

A maioria das pessoas que já assumiram um compromisso com Deus, estão insatisfeitos com sua vida espiritual. No aspecto positivo, muitos querem conhecer melhor a Deus e no aspecto negativo muitos se sentem distantes dEle. Onde encontrar ajuda? Penso que uma ótima fonte são os princípios estudados anteriormente.

Em seu estilo poético, Marcos de Benedicto iniciou um editorial sobre os 125 anos do Caminho a Cristo (em 2017) destacando: “Livros têm o poder de revelar paisagens, ampliar horizontes, transportar para outros mundos, encantar neurônios, reconfigurar o pensamento, mobilizar sentimentos, colorir a existência, conectar pessoas, iniciar sonhos, criar realidades. Se for um livro inspirado, as possibilidades se multiplicam, ligando o humano ao divino, fazendo milagres no coração e transformando vidas. Caminho a Cristo está nessa última categoria.”[16]


Que os cinco princípios desse livro inspirado possam ajudar você a ter uma vida cristã significativa, de contínuo crescimento, “até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, ao estado de homem feito, à medida da estatura da plenitude de Cristo” (Ef 4:13).


Ribamar Diniz é Mestre em Teologia pelo SALT/FADBA e atualmente líder do Ministério Pessoal, Escola Sabatina e Escola Bíblia Novo Tempo na Missão Pará Amapá.

[1] Revista Adventista, junho 2018, p. 18. Disponível em: https://acervo.cpb.com.br/ra. Acesso em: 21 de fevereiro de 2023. [2] Marcos Benedcito, Um simples caminho. Revista Adventista, julho de 2017, p. 02. [3] James R. Nix,Caminho a Cristo faz 125 anos, site da Revista Adventista. disponível em: https://www.revistaadventista.com.br/da-redacao/destaques/caminho-a-cristo-faz-125-anos/. Acesso em: 21 de fevereiro de 2023. [4] Tim PoirierA Century of Steps. http://www.ellenwhitecenter.org/sites/default/files/AR-1992-A_Century_of_Steps.pdf. Acesso em 22 de fevereiro de 2023. [5] Márcio Tonetti, Clássico inspirador. Revista Adventista, julho de 2017, pp. 12-16. [6] Ellen G. White, Caminho a Cristo: passos que conduzem a verdadeira felicidade. Tradução: Delmar E. Freire. Tatuí, São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 2013, p. 38. [7] White, Caminho a Cristo, p. 38. [8] White, Caminho a Cristo, p. 43 [9] White, Caminho a Cristo, p. 44. [10] White, Caminho a Cristo, p. 59. [11] White, Caminho a Cristo, p. 81-82. [12] White, Caminho a Cristo, p. 97. [13] White, Caminho a Cristo, 112. [14] White, Caminho a Cristo, p. 94. [15] White, Caminho a Cristo, p. 110. [16] Marcos Benedicto, Um simples caminho. Revista Adventista, julho de 2017, p. 02.

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