Guia de êxito para missionários adventistas que atuam no Arquipélago do Marajó
O Arquipélago do Marajó é um campo missionário promissor, apesar de ser extremamente desafiador. É formado por 16 municípios e uma população estimada em meio milhão de pessoas, vivendo em 2.500 ilhas na foz do Rio Amazonas. O lugar é evangelizado por cinco distritos pastorais, com um total de 86 congregações adventistas. (cf. BARBOSA, 2021, p. 81)
Sem dúvida, os aspectos geográficos, culturais e a limitação de recursos humanos, econômicos e logísticos constituem os maiores desafios para os pastores adventistas lotados no Marajó. Devido a essas e outras dificuldades, alguns imaginam ser impossível avançar significativamente e agradecem por sobreviver na Ilha, enquanto aguardam sair de lá.
Apesar dessa realidade, é possível fazer a diferença e ter sucesso na região das ilhas. Esse artigo oferece algumas ideias a respeito, com base em minha tese de mestrado (BARBOSA, 2021) e experiência em três distritos, nas duas regiões que formam o arquipélago (Oriente e Ocidente). Se você está chegando à região e não sabe o que fazer ou trabalha aqui e desejar melhorar seu desempenho, esses 10 princípios poderão ajudá-lo.
1. Quem é pastor no Marajó precisa priorizar seu crescimento espiritual e desenvolver novas habilidades.
Redobre sua comunhão com Deus e fortaleça espiritualmente a família, quando for enviado ao Marajó. Os desafios, em todos os aspectos, vão exigir renovada confiança em Deus. Quem trabalha no Marajó precisa de um milagre todos os dias. Os obstáculos que surgem, a solidão das viagens e os resultados lentos são sempre um chamado a oração. O ambiente natural e tranquilo pode favorecer a intimidade com Deus e a meditação em Sua Palavra. Aproveite ainda as viagens de barco para ler e se atualizar teologicamente. Leia também livros sobre missiologia (SOUZA, 2011) e relatos de missionários como Léo Halliwell (STREITHORST, 1979) e Ferdinand Stahl (WESTPHAL, 2018). Isso irá motivá-lo e inspira-lo profundamente.
Procure desenvolver também qualidades pessoais como adaptabilidade, perseverança, resiliência, determinação, visão e espírito de aventura e virtudes cristãs como amor abnegado, domínio próprio, humildade e paciência.
Trabalhar com populações ribeirinhas não é tarefa fácil, como alguns pensam. Nadar, pilotar uma embarcação e saber noções de orientação podem ser úteis, em determinadas ocasiões. Quem foi membro do Clube de Desbravadores acaba levando vantagem. As habilidades musicais são importantes para dinamizar cultos públicos. O conhecimento sobre tratamentos simples para doenças tropicais também será de grande serventia.
2. Quem é pastor no Marajó precisa ter um planejamento estratégico contextualizado.
Prepare seu planejamento levando em conta o contexto local, a cultura ribeirinha, os recursos disponíveis e as possibilidades missionárias. Lembre-se que nem tudo que funciona na cidade pode dar certo nas ilhas (cf. BARBOSA, 2021)[1].
Acredito que as igrejas do Marajó, especialmente no interior, não se adaptam a todos os programas oferecidos. Elas precisam de uma quantidade reduzida de atividades significativas. Num lugar sem carnaval, não há necessidade do “retiro” espiritual, embora possa ser feito para outros fins. A obra ali necessita ter lideres capacitados, cultos bem dirigidos, santas ceias periódicas, uma Escola Sabatina forte, um grupo musical para envolver os jovens e um plano de discipulado e conservação dos recém batizados.
Lembre ainda que o ambiente da Igreja marajoara é, quase sempre, informal. Na Igreja Adventista do Sétimo Dia no Norte, em geral, prevalece a espontaneidade. Os membros locais não se adaptam a burocracia ou planos que demandem análise aprofundada. No Marajó isso é ainda mais notório. Muitos irmãos sequer sabem ler e quanto menos complicados forem os planos melhor serão assimilados.[2]
3. Quem é pastor no Marajó precisa investir na formação e renovação da liderança.
A maior necessidade das igrejas marajoaras é a de líderes comprometidos e hábeis para administrar as congregações. O número de líderes é reduzido, seu conhecimento é superficial e alguns permanecem décadas no cargo, pela dificuldade de encontrar um substituto. Quando assumi o primeiro distrito na região, havia apenas dois anciãos ordenados em exercício. Até agora já acompanhamos a ordenação de 42 anciãos, o que tem facilitado a administração das igrejas.
Sugiro que você promova encontros para oficiais e concílios de anciãos. Esses líderes precisam pelo menos de uma capacitação anual e encontros trimestrais. Capacite, compartilhe materiais e se reúna com eles frequentemente. Um treinamento online envolvendo todo o Marajó, seria muito útil para integrar as igrejas e motivar também os pastores.
4. Quem é pastor no Marajó precisa fortalecer a identidade adventista entre os membros.
Expressões como “paz do Senhor”, “o pastor do nosso campo”, “oh gloria”, além de atitudes como cantar com os olhos fechados, falar enquanto participam de orações públicas, chorar durante as celebrações, dar oportunidade (para cantar ou falar em cultos); a ausência do culto jovem e o foco em cultos noturnos são indícios da influência pentecostal entre os adventistas do Marajó.
Além do mais, alguns adotam certo sincretismo, crendo em mitos amazônicos (como a lenda do boto) e de matriz indígena, além de adotar certas crendices populares e práticas católicas como mandar benzer os filhos ou realizar cultos de 7 ou 30 dias para falecidos (ver Ec 9:5-6; Sl 115:17-18). Já fui convidado algumas vezes para dirigir "um culto" de irmãos falecidos, a pedido de famílias adventistas! Não foi fácil explicar que essa não é uma prática adventista.
Os adventistas do Marajó praticamente não conhecem a história e teologia adventista e quase não usam as expressões[3] Espírito de profecia, verdade presente, três mensagens angélicas, chuva serôdia, conhecer a verdade, o remanescente fiel, a igreja mundial, etc., que fazem parte da cultura da Igreja (cf. LINDQUIST, [2014]. p. 32). O conhecimento das profecias também é quase inexistente. Muitos ainda tomam café e trabalham com animais imundos, especialmente frutos do mar. A área familiar também apresenta alguns desafios. Já coordenei 190 casamentos civis, incluindo membros e líderes, que não eram casados legalmente.
Para solucionar esses problemas, é necessário fortalecer a identidade adventista, nos sermões, encontros com a liderança e nas visitas pastorais. Quando receber departamentais sugira a abordagem desse assunto. Uma boa ocasião é a campal, que deveria ser não apenas uma reunião evangelística, mas um ambiente de formação espiritual e transmissão de nossas crenças e valores. Nas comissões de igreja podem ser estudados livros de Ellen White (como Eventos Finais e A Igreja Remanescente).
Outra ideia, a longo prazo, é investir nas novas gerações, fundando clubes de aventureiros, desbravadores, ministérios jovens, além de outras iniciativas. Quando for possível indique jovens para a Colportagem ou consiga bolsas de estudos para os internatos adventistas, onde nossos valores serão transmitidos. Recentemente a Associação Geral lançou o projeto “as três mensagens angélicas” (MCCHESNEY, 2021, p. 17-21), visando resgatar nossa identidade missionária. Recomendo que você conheça os materiais e os aplique em seu distrito.
5. Quem é pastor no Marajó precisa estar atento a sua segurança espiritual, emocional e física.
O Marajó esconde vários riscos para a integridade física, emocional e espiritual da família pastoral. Proteja-se dos perigos visíveis ou desconhecidos. More em um ambiente seguro. Algumas cidades tem um alto índice de arrombamento. Conheço pastores cujas esposas já foram assaltadas em casa. Quando for possível, ao invés de morar em casas, prefira apartamentos, pois eles são mais seguros.
O ambiente portuário em alguns lugares, a semelhança da cidade de Corinto (ver 1Co 5-6) caracteriza-se pela imoralidade sexual e baixos níveis morais. Viaje sempre acompanhado e não visite pessoas do sexo oposto sozinho. Sempre que puder, leve sua esposa na visitação. Antes de viajar ao Marajó fui aconselhado pelo Pr. Geison Florêncio, na época presidente da Associação Norte do Pará (Anpa) a ter “cuidado com mulher de beira de rio”[4]. Recobre sua atenção em visitas no interior e quando viajar em barcos à noite. A maioria dos ribeirinhos, devo recalcar, são pessoas de bem, generosas, honestas e virtuosas.
Como os assaltos são comuns, em embarcações que transportam açaí, evite pegar caronas. Prefira viajar em navios ou lanchas de passageiros, que oferecem mais segurança. Se viajar em barcos de madeira, averigue as condições de segurança. Uma vez viajei a cidade de Anajás em um barco superlotado, sem voadeira e motor bomba. No caminho quase naufragamos, sendo que a água entrou cerca de um metro pelo porão. A aflição dos passageiros foi ainda maior por saber que, caso o barco afundasse, não haveria resgate. Felizmente a solução foi equacionada a tempo.
Ao viajar em voadeira ou rabeta, cuidado com as marés. Siga o conselho dos irmãos, que conhecem a região melhor que você. Quando houver temporal, por exemplo, espere o tempo melhorar. Existem piratas que assaltam barcos. Seja discreto, só viajando com valores de remessa em último caso, sempre mantendo o campo informado e o seguro da Igreja atualizado. Cuide-se de acidentes com motores, combustível e animais peçonhentos. Evite andar descalço no mato e tome cuidado ao entrar na água para realizar batismos, pois há arraias em alguns lugares. Use uma beca batismal tipo jardineira. Adquira uma maleta de primeiros socorros, incluindo soro antiofídico. Adquira uma mochila impermeável, para proteger sua Bíblia, lição, envelopes de dízimos, fichas batismais e itens essenciais. Tenha contatos a mão, de busca, resgate e salvamento, para eventuais emergências. Cuidado com doenças como malária (use mosquiteiro), hepatite, dengue, infecções, distúrbios do aparelho digestivo, e diarreias (devido a água contaminada).
Viaje sempre acompanhado, pois perder-se no Marajó, sofrer acidentes ou naufragar sozinho pode ser fatal. Ao fazer viagens longas, leve alimentos nutritivos (evite enlatados), água, óculos de sol, boné (ou chapéu australiano) repelente, colete salva vidas e lanterna. Não esqueça seu material de higiene pessoal e evite viajar à noite. Não leve documentos, dinheiro ou quaisquer materiais eletrônicos extras. É muito comum eles se perderem ou caírem na água. Tenha sempre uma capa e um guarda-chuva, e se tiver voadeira algumas ferramentas. Trabalhar no Marajó sem voadeira é como trabalhar na cidade sem carro. Faça planos com o campo e o distrito para adquirir um transporte que facilite suas visitas, oferece mais segurança e diminua o desgaste físico.
6. Quem é pastor no Marajó precisa estabelecer metas para seu trabalho e sonhar em deixar um legado.
Como o Marajó é muito desafiador, alguns tendem a se acomodar, outros a murmurar sua sorte e alguns a negligenciar o trabalho. As metas poderão ajudá-lo a manter o foco e as prioridades. Trabalhe para deixar um legado, pois dificilmente você voltará ao Marajó novamente.
Dentre as metas inclua a expansão do Adventismo através do plantio de novas igrejas. Com centenas bairros, vilas e comunidades sem presença adventista, o Marajó carece desse projeto. Uma das vantagens de estabelecer novas capelas é que os terrenos nas cidades são baratos e no interior são doados, além dos próprios membros construírem a Igreja. É importante lembrar, porém, que “é melhor ter uma igreja forte em cidades pequenas”, do que várias fracas. Esse conselho recebi do Pr. Moisés Batista de Souza, presidente da Missão Pará Amapá e experiente obreiro do Norte brasileiro[5]. Leve isso em conta especialmente nas cidades ou vilas maiores do interior, onde algumas congregações são pequenas e inexpressivas. O projeto de plantar uma congregação deve ser bem estudado para ela ser relevante na comunidade. (cf. ABDALA, 2014)
Logo que cheguei a Soure, percebi que há 15 anos não surgia uma nova congregação, por isso decidimos plantar quatro igrejas. Além disso, o distrito tinha pouca participação nos eventos do campo e baixos índices de crescimento em todas as áreas. Para motivar os irmãos, foi cunhado o lema Soure - uma nova história. Isso gerou maior envolvimento e paixão e os resultados apareceram, pela graça de Deus. Divulgue também as ações da Igreja, pois isso motiva os membros e atrai possíveis doadores.
Quando fui transferido para outro distrito do Marajó, ampliei as metas. Meus alvos para o Marajó são estabelecer 10 congregações, batizar mil pessoas, coordenar 100 casamentos civis e criar programas de discipulado permanente, além de resgatar o ministério das lanchas. Graças a Deus, já plantamos nove igrejas, batizamos 962 pessoas, coordenamos 190 casamentos, fundamos a campal do Ituquara e recebemos duas vezes a Lancha Luzeiro XXIX.
7. Quem é pastor no Marajó precisa pregar mensagens adaptadas à realidade ribeirinha.
Embora a Palavra de Deus seja eterna e útil para todas as pessoas, independente do lugar, tempo e condições (2Tm 3:15-17; Rm15:4; 1Pe 1:23-25) o obreiro precisar manejar bem a palavra da verdade (2Tm 2:15) adaptando suas mensagens para alcançar o maior benefício de sua exposição. Jesus e Paulo fizeram isso, avaliando suas audiências e pregando mensagens contextualizadas (ver MT 13; At 17). (cf. STOTT, 2003, p. 143-165)
Com isso em mente, ao pregar no Marajó, use temas bíblicos e ilustrações que façam sentido e criem uma identificação com o povo local[6]. Conceitos teológicos abstratos devem ser evitados. Prefira temas relacionados às necessidades do povo ribeirinho, como a proteção diante dos perigos, o papel da fé, os milagres de Deus, Seu cuidado pelos indefesos e Sua provisão a nossas necessidades; Jesus como o pão, a água da vida e a luz do mundo, a criação de Deus, etc. Passagens bíblicas[7] que mencionam águas, ilhas, praias, rios, pescadores e pesca, caçador e caça, barcos, portos, machado, árvores, florestas e árvores, tábuas ou madeira, frutas ou fruto, ventos, estrelas, animais, búfalos, cavalos, etc., são as mais adequadas. Os episódios sobre Jesus andando sobre as águas (Mt 14:22-33), acalmando a tempestade (Mc 4:35-41), multiplicando pães e peixes (Jo 6:1-15) ou se alimentando de peixes (Lc 24:41-43) e o naufrágio de Paulo (At 27:27-44)[8] serão apreciados pelos marajoaras. É claro que esses textos devem ser usados para transmitir os princípios bíblicos.
Como muitos ribeirinhos não sabem ler, use uma linguagem simples e coloquial, apelando sempre à imaginação. Seja criativo quando fizer uso do púlpito e bem humorado nas capacitações. Evite também usar ilustrações de outros países, já que muitos nunca saíram de sua cidade ou rio. Prefira citar fatos, histórias e testemunhos locais. Eles apreciam ouvir sobre famílias pioneiras, lanchas Luzeiro, campais adventistas e temas correlatos.
8. Quem é pastor no Marajó precisa explorar o potencial das campais.
Desde a década de 1980 reuniões campais acontecem no Arquipélago do Marajó. Depois das lanchas Luzeiro, esse tem sido um dos melhores métodos evangelísticos e de alcance a comunidade. A campal faz parte da identidade adventista no Marajó e é sua principal celebração espiritual e social. (BARBOSA, 2021, p. 196-199)
Geralmente os irmãos avaliam um pastor pela sua capacidade de realizar grandes campais. Para isso, dedique um ano para planejar e promover esse evento, traga convidados especiais e envolva as igrejas no preparo da programação. Na minha experiência, tenho votado uma verba em cada igreja e buscado patrocínio da Prefeitura para investir nesses megaencontros. Para o ribeirinho campal só presta se tiver muita gente e batismos. Lembre-se: Quanto mais barcos, mais gente; quanto mais gente, mais batismos.
Já dirigi cinco campais no Marajó. Na primeira delas, em Soure, o Pr. Renato Seixas, na época secretário da Anpa, me aconselhou a envolver a irmandade no convite a amigos e priorizar os batismos. Tenho ainda homenageado os comandantes de barcos, oferecido serviços sociais e feito uma caravana prévia, além de um evangelismo, culminando com a colheita na campal. (cf. DINIZ, 2020)
9. Quem é pastor no Marajó precisa ser sensível às necessidades humanas.
Embora não tenhamos a Lancha Luzeiro, como no passado, podemos coordenar ações sociais com atendimento médico, odontológico e outros serviços. O acesso dos ribeirinhos a especialistas e medicamentos ainda é bastante limitado. A obra médico missionária, portanto, é imprescindível e uma demonstração de nosso amor ao próximo e cunha para conseguir interessados (cf. GUARDA, 2008). Já realizei ações em Soure e recebi a Lancha Luzeiro XXIX em Breves duas vezes, atendendo 1.500 pessoas. As prefeituras tem interesse em cooperar com a igreja e os resultados em batismos acompanham as ações.
Uma das maiores necessidades é a conscientização sobre a violência doméstica e abuso sexual, gravidez na adolescência, entre outros problemas sociais graves. O Projeto Quebrando o silêncio, nesse aspecto, deve ser enfatizado. Ultimamente estão aumentando os casos de depressão e outros distúrbios psicológicos. Um programa de atendimento psicossocial deve ser pensado.
Tenho notado que a incidência de epilepsia é muita alta, na região. Além de tentar levar especialistas para falar no assunto, aconselhe as pessoas a evitar casamentos com parentes próximos (SANTOS; KOK, 2015)[9] e gravidez precoce, fatores que podem potencializar a doença (MOLINA, 2017). O ideal, na maioria dos problemas de saúde, é educar a comunidade sobre os oito remédios naturais, noções gerais de higiene e como melhorar a qualidade de vida. Como o IDH é baixíssimo no Marajó e o analfabetismo é muito alto, precisamos nos preocupar também com essas áreas.
10. Quem é pastor no Marajó precisa melhorar a infraestrutura das igrejas.
Apesar de algumas exceções, nossas igrejas estão caindo aos pedaços, no Marajó. Essa triste realidade precisa mudar. Nesse quinquênio tivemos vários projetos e melhorias, com a ajuda institucional; de empresários e membros locais. Precisamos idear meios para seguir melhorando urgentemente a infraestrutura das igrejas.
Muitas igrejas do Marajó não têm salinhas para crianças nem banheiros. É preciso construir essas estruturas básicas para o ensino infantil e conforto mínimo dos convidados. No meu caso, criei um projeto chamado “evangelista das águas”, que incluía os evangelistas construtores e provedores. Outra ideia adotada em meus distritos foi a padronização da cor das igrejas e atualização do logotipo nas fachadas, o que cria uma identidade visual forte. Além disso é necessário legalizar os terrenos, pois a maioria foram doados, mas não documentados.
Considerações finais
Servir como ministro do evangelho, no Arquipélago do Marajó, é um grande privilegio concedido por Deus. Essa região é um grande laboratório para experimentar várias estratégias e é uma academia onde o Senhor está forjando grandes campeões do evangelho. Gostaria de agregar mais três dicas que tem dado certo para mim: Divida seu distrito por regiões, para facilitar as reuniões, treinamentos e entrega de materiais. Veja com seu campo a possibilidade de ter um pastor auxiliar ou contrate um obreiro bíblico para ajudá-lo no evangelismo e outras atividades. Finalmente, converse com outros colegas que pastorearam no Marajó. Os melhores conselhos virão deles.
Se você leu esse artigo, é porque está buscando suporte para seu trabalho. Meu desejo é que Deus lhe capacite. Que o Senhor te abençoe e te guarde; que “o Senhor faça resplandecer o Seu rosto sobre ti e tenha misericórdia de ti; o Senhor sobre ti levante o rosto e te dê a paz” (Nm 6:24-26). Aquele que te enviou ao Marajó irá cuidar de sua família, prover suas necessidades e garantir o êxito da missão, para Sua própria glória (1Pe 5:6-11).
Esse artigo pode não responder a todas as suas perguntas ou solucionar todos os problemas que possam surgir. Nesse caso, peça sabedoria a Deus (Tg 1:5) confie na direção de Seu Santo Espírito (Jo 14:16-17; 26), e aconselhe-se frequentemente com os administradores do campo. Escreva uma linda história no campo das águas. Desfrute a estadia no Marajó, louvando ao Senhor com “um cântico novo e o seu louvor desde a extremidade da terra; vós, os que navegais pelo mar e tudo quando há nele, vós, ilhas e os seus habitantes.” (Is 42:10).
Ribamar Diniz
É pastor, escritor e editor. Atualmente é mestrando em Teologia pelo SALT/FADBA, membro da Sociedade Criacionista Brasileira e pastor na Missão Pará Amapá. Seus artigos podem ser lidos em ribamardiniz.com.
Referências:
ABDALA, Emílio. Manual de plantio de igrejas: estratégias para multiplicação de Comunidades de Esperança. Tatuí, São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 2014.
BARBOSA, Antônio Ribamar Diniz. História e evangelização adventista do sétimo dia das cidades do Arquipélago do Marajó. 2021. 250f. Tese (Mestrado em Teologia). Seminário Adventista Latino Americano de Teologia, Cachoeira, Bahia, 2021.
DINIZ, Ribamar. História, importância e idéias para uma campal de sucesso. [2020]. Disponível em: https://www.academia.edu/40008703/HIST%C3%93RIA_IMPORT%C3%82NCIA_E_IDEIAS_PARA_UMA_CAMPAL_DE_SUCESSO. Acesso em: 04 mai. 2021.
GUARDA, Márcio Dias, (Org.). Conselhos sobre a obra Médico-Missionária: Compilação dos escritos de Ellen G. White, 1 ed., Tatuí, São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 2005.
Lícius, LINDQUIST. Cultura adventista. Revista Adventista. Tatuí, São Paulo. Ano 108, edição especial, p. 32 [2014].
MOLINA, Ivette García. Ações educativas para prevenção da gravidez precoce entre adolescentes na Estratégia Saúde da Família da Equipe Verde do bairro Bom Jardim em Ipatinga, Minas Gerais. Disponível em: https://ares.unasus.gov.br/acervo/handle/ARES/14340. Acesso em: 04 de maio 2021.
SOCIEDADE BÍBLICA DO BRASIL. Bíblia de Estudo NAA. 3a. (Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2018).
SOUZA, Elias Brasil de (Ed.). Teologia e Metodologia da Missão: palestras teológicas apresentadas no VIII simpósio bíblico-teológico sul-americano, 1 ed. Cachoeira, BA: CePLiB, 2011.
STREITHORST, Olga S. Leo Halliwell na Amazônia. 1. ed. Santo André, SP: CPB - Casa Publicadora Brasileira, 1979.
STOTT, Jonh. Eu creio na pregação. 3 imp. Tradução Gordon Chown. São Paulo: Editora Vida, 2003.
MCCHESNEY, Andrew. Resgate da identidade. Revista Adventista. Tatuí, São Paulo. Ano 116, n. 1367, p. 17-21, mar. 2021.
WESTPHAL, Bárbara. Aventuras nos Andes e Amazonas. Tatuí, São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 2018.
SANTOS, Silvana; KOK, Fernando. Tem alguma pessoa com deficiência na sua família? Campina Grande: EDUEPB, 2015. Disponível em: https://www.uepb.edu.br/download/ebooks/Tem-alguma-pessoa-com-deficiencia.pdf. Acesso: 04 mai. 2021.
[1] Em sua tese de mestrado em Teologia, Ribamar Diniz identificou os principais métodos evangelísticos empregados pelos adventistas do sétimo dia na evangelização do Arquipélago do Marajó. Ele argumenta ainda que alguns foram mais eficazes que outros. (BARBOSA, 2021). [2] Uma sugestão de calendário anual de atividades, com metas anuais está disponível em: https://www.academia.edu/36301956/CALEND%C3%81RIO_ANUAL_DE_ATIVIDADES_PARA_UM_DISTRITO. Acesso: 04 mai. 2021. [3] Segundo Lindquist (2014, p. 32) existem “padrões de comportamento e de costumes que distinguem a igreja”, o que inclui a observância devido do sábado e o adequado vestuário. Ele menciona algumas palavras ou expressões que tem sentido especial no meio adventista: ADRA, Ano bíblico, chuva serôdia, departamental, Dorcas, Espírito de Profecia, pena inspirada, JA, Ministério Pessoal, Pacto, Por do Sol, Porta da Graça, Remanescente, Segunda Hora e Serva do Senhor. [4] Recebi esse conselho em minha entrevista para admissão ao quadro de servidores da Associação Norte do Pará, no dia 11 de fevereiro de 2014, na sede da Anpa. [5] Durante sua visita a Soure, para inaugurar a Igreja Adventista Umirizal, em abril de 2016. [6] Robson Marinho, na obra A arte de Pregar: como alcançar o ouvinte pós-moderno, dedica a primeira seção ao ouvinte e a terceira a comunicação, o que demonstra a importância de contextualizar a mensagem pregada. Entre outras coisas, ele afirmou: “Falar a uma igreja de camponeses não é a mesma coisa que falar a uma igreja de universitários. Se a maioria é de agricultores, é melhor usar exemplos de semeadura e colheita, cultivo da terra e irrigação, do que fazer ilustrações com computadores, Internet e multimídia. Um pastor peruano contou-me que precisou traduzir um visitante americano que tinha ido pregar a um grupo de índios de uma região do Peru. Durante todo o sermão, o americano usou exemplos de automóveis, contas bancárias e alimentos, como tortas e pão com geleia, coisas que os índios não usam. O intérprete confidenciou-me que, a partir de certa altura, começou a pregar outro sermão que sabia de cor, porque os índios não estavam entendendo nada que o americano dizia [...] é preciso adaptar o sermão ao ambiente cultural dos ouvintes. Uma igreja do centro da cidade, por exemplo, sempre vai exigir um tipo de pregação diferente da pregação para uma igreja de periferia, sem nenhuma demérito para um ou para outro tipo de igreja. são apenas ambientes diferentes.” (MARINHO, 2008, p. 151-152). Jonh Stott, no livro Eu creio na pregação, dedica o capítulo quatro, intitulado a pregação como edificação de pontes, a importância da contextualização, pois “pregar num nível além do entendimento das pessoas é esquecer-se de quem elas são conforme comentou Spurgeon certa vez: ‘Cristo disse: ‘cuidai dos meus cordeiros [...] Pastoreie as minhas ovelhas’. Alguns pregadores, no entanto, colocam os alimentos numa posição tão alta que nem os cordeiros, nem as ovelhas conseguem alcançá-los. Parecem ter entendido o texto como: ‘Alimente as minhas girafas’”. (STOTT, 2003, p. 156) [7]Com base na Concordância Bíblica da Nova Almeida Atualizada, os principais textos são: Águas (Gn 1:2, 6; Ex 15:23; 17:6; 2 Sm 14:14; 2 Re 2:14; Sl 18:16; 23:2; Pv 5:15; Ec 11:1; Is 55:1; Hc 2:14; Mt 3:11; 10:42; Lc 22:10; Jo 2:7; 3:5; 4:7-14; 7:38; Ap 7:17, ilhas (Gn 10:5; Sl 97:1; Is 42:10; At 27:26; Ap 1:9), praias (Gn 22:17; Ex 14:30; Nm 34:5; Js 11:4; Jz 7:12; Mt 13:2; 48; Lc 5:2; Jo 21:4; At 21:5; 27:39-40; Hb 11:12), rios (G 2:10; Ex 2:5; 2 Rs 5:12; Jó 20:17; Sl 46:4; 78:16; Ec 1:7; Jr. 46:7; Mc 1:5; Jo 7:38; Ap 22:2), pescadores e pesca (Is 19:8; Jr 16:16; Mt 4:19; Lc 5:2; 5:4; Jo 21:3), caçador e caça (Gn 10:9; 25:27-31; Jo 38:39; Jr 16:16: Lm 3:52; Ez 13:18) barcos (Mt 4:22; 8:24; Lc 8:22; Jo 6:21), portos (Sl 107:30; At 27:12), machado (2 Rs 6:5; 1Cr 20:3; Sl 74:5; Is 10:15; Mt 3:10), árvores (Gn 2:9; 2:17; 3:22; Jz 9:8; Sl 1:3; 96:12; 3:18; 11:30; Ec 11:3; Jr 2:20; Dn 4:10; Mt 3:10; 7:18; 12:33; Ap 2:7; 22:2, 14), florestas (Is 10:34; Jr 12:5), tabuas ou madeira (Ex 32:19; Dt 10:5; Pv 3:3; 7:3; Jr 17:1; 2 Co 3:3; Ag 1:8; 1Co 3:12), frutas (Gn 1:11; 3:6; Sl 127:3; 128:3; Pv 11:30; Mt 7:16; Mc 4:7; Lc 1:42; Gl 5:22; Ap 22:2), ventos (1Rs 19:11; Sl 104:3; Pv 30:4; Jr 51:16; Ez 37:9; Os 8:7; Mt 8:27; Jo 3:8; At 2:2; Ef 4:14), estrelas (Gn 1:16; 15:5; Nm 24:17; Dt 1:10; Jó 38:7; Dn 12:3; Mt 2:2; Mc 13:25; Ap 1:16; 2:28; 9:1; 22:16), animais (G 2:19; 7:14; Lv 20:25; 24:21; Dt 14:4; Jó 5:23; Sl 50:10; 147:9; Pv 12:10; Tg 3:7; 2 Pe 2:12), búfalos (Sl 22:21, ARA), cavalos (Ex 15:1; 2Sm 15:1; Sl 32:9; Sl 147:10; Tg 3:3; Ap 6:2, 8). (SOCIEDADE BÍBLICA DO BRASIL, 2018, p. 2542-2829) [8] Esse capítulo pode ser usado para preparar vários sermões. [9] Veja ainda os seguintes estudos: ALVES, Rita Maria. Investigações genéticas e familiares em pacientes com epilepsia no Estado da Bahia. Disponível em: https://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/20872. Acesso: 04 de mai. 2021. Silvana Cristina dos Santos; Uirá Souto Melo; Simone Silva dos Santos Lopes; Mathias Weller; Fernando Kok. A endogamia explicaria a elevada prevalência de deficiências em populações do Nordeste brasileiro? Disponível em: https://www.scielosp.org/article/csc/2013.v18n4/1141-1150/. Acesso em: 04 de mai. 2021.
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