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Pós-Pandemia: Como recomeçar a vida?

Foto do escritor:  Ribamar Diniz Ribamar Diniz


“O mundo nunca mais será o mesmo”. Essa visão tem sido postada, tuitada e comentada em muitos meios, após a pandemia do novo coronavírus. Como ficará o mundo pós-pandemia? Com as grandes, profundas e duradouras transformações que a sociedade está enfrentando ultimamente, todos foram afetados direta ou indiretamente.


Termos como “achatar a curva”, “assintomático”, “auto isolamento”, “caso suspeito”, “coronavírus”, “covid-19”, “distância social”, “EPI”, “pandemia”, “quarentena”, “lockdown”, “SARS-CoV-2”, e outros agora fazem parte do vocabulário cotidiano. Essas expressões o que elas representam, tem deixado milhões de pessoas preocupadas, confusas e assustadas.

O que muda com a pandemia?

Segundo especialistas, as relações humanas, sociais, trabalhistas e com o meio ambiente nunca mais serão as mesmas. Nesse aspecto, Cezar Taurion afirmou: “Para mim está bem claro que a crise causada pela pandemia vai provocar uma profunda reestruturação econômica, social e organizacional.”[1]


Lilia Schwarcz, antropóloga e historiadora, professora das universidades USP e Princeton considera o pandemia um símbolo para o fim do século XX: “[O historiador britânico Eric] Hobsbawm disse que o longo século 19 só terminou depois da Primeira Guerra Mundial [1914-1918]. Nós usamos o marcador de tempo: virou o século, tudo mudou. Mas não funciona assim, a experiência humana é que constrói o tempo. Ele tem razão, o longo século 19 terminou com a Primeira Guerra, com mortes, com a experiência do luto, mas também o que significou sobre a capacidade destrutiva. Acho que essa nossa pandemia marca o final do século 20, que foi o século da tecnologia. Nós tivemos um grande desenvolvimento tecnológico, mas agora a pandemia mostra esses limites.”[2]


Historicamente o coronavírus marca o fim de um século e em termos de previsão futurista, é considerado um acelerador de futuro. “O coronavírus funciona como um acelerador de futuros. A pandemia antecipa mudanças que já estavam em curso, como o trabalho remoto, a educação a distância, a busca por sustentabilidade e a cobrança...para que as empresas sejam mais responsáveis do ponto de vista social.”[3]


Leandro Karnal, historiador e influente pensador brasileiro, resume essa questão: “O primeiro fator de uma epidemia, guerra ou revolução é acelerar processos que já estavam em curso. Essa é uma mudança irreversível.”[4]


O biólogo Átila Iamarino, doutor em microbiologia pela Universidade de São Paulo e pós-doutor pela Universidade Yale falou sobre as consequências de tudo isso: “O mundo mudou, e aquele mundo (de antes do coronavírus) não existe mais. A nossa vida vai mudar muito daqui para a frente, e alguém que tenta manter o status quo de 2019 é alguém que ainda não aceitou essa nova realidade”[5]

Uma voz de esperança[6]


Durante a pandemia a Igreja Adventista do Sétimo Dia tem promovido, em seus meios de comunicação, a marca “Uma voz de Esperança”, procurando fortalecer internamente a identidade profética dos membros e externamente ações de apoio integral as comunidades. A Igreja se coloca, num momento crítico e assustador, como uma voz de esperança através de três ações fundamentais para a sociedade: ações missionárias online, acolhimento psicológico gratuito e ações solidárias.


É importante destacar que, após a pandemia, surgirão teorias mirabolantes para tentar explicá-la. Devemos estar atentos, pois muitos vão incluir teorias conspiratórias como parte dessa explicação. Os adventistas, arautos da “verdade presente”, não podem espalhar notícias falsas, pânico ou sensacionalismo sobre o coronavírus. Para compartilhar informações corretas, agora e depois, devemos buscar fontes confiáveis, como o portal da Igreja (adventistas.org); nossas publicações e as protocolos das autoridades reconhecidas. No aspecto espiritual, recomendo ainda o blog do jornalista Michelson Borges, além das revistas da Casa Publicadora Brasileira (cpb.com.br).


Você está preparado para o mundo pós-pandemia? A Bíblia tem três episódios, que podem nos ajudar nesse recomeço.

Noé: recomeço da vida pós – dilúvio (Gênesis 8:6-12)

No cenário caótico após o dilúvio, similar ao do princípio, quando “criou Deus os céus e a terra. A terra, porém, era sem forma e vazia e havia trevas sobre a face do abismo e o Espírito de Deus pairava sobre as águas” (Gn 1:1-2) Noé saiu da arca para repovoar o planeta, com a sua família. Inicialmente ele soltou duas aves, para avaliar o nível das águas, antes de sair da arca. Ellen White, ao comentar o retorno da pomba, com o ramo de oliveira, disse que houve júbilo no pequeno grupo de sobreviventes.


“Quando ela [pomba] voltou à tarde com uma folha de oliveira no bico, houve grande regozijo. Depois "Noé tirou a cobertura da arca, e olhou, e eis que a face da terra estava enxuta". Gên. 8:13. Ainda ele esperou pacientemente dentro da arca. Havendo entrado por ordem de Deus, esperou instruções especiais para retirar-se. Finalmente um anjo desceu do Céu, abriu a pesada porta, e mandou o patriarca e sua casa saírem à terra, e tomarem consigo todos os seres vivos.” (Patriarcas e Profetas, p 105)


“Noé saíra para uma terra desolada; mas antes de preparar casa para si, construiu um altar a Deus. Seu suprimento de gado era pequeno, e havia sido preservado com grande despesa; contudo, deu alegremente uma parte ao Senhor, em reconhecimento de que tudo era dEle. De modo semelhante, deve ser o nosso primeiro cuidado render nossas ofertas voluntárias a Deus.” (Patriarcas e Profetas, p. 106)


Noé tomou as medidas ao seu alcance para saber quando sair, esteve disposto a permanecer o tempo indicado por Deus, fez a sua parte. O corvo e a pomba, apesar de serem animais irracionais, voltaram para a segurança da arca, devido ao volume das águas. Nós devemos fazer o mesmo, sendo cuidadosos com o retorno as atividades.


Israel: Recomeço pós-êxodo (Êxodo 12:37)


O povo de Israel foi libertado do Egito, mas, na vida pós-êxodo, não conhecia os perigos da jornada. Não sabiam, por exemplo que sua peregrinação duraria quatro décadas (Nm 13-14). Embora, comparados aos 400 anos que ficaram confinados no Egito, quatro décadas sejam um período relativamente curto, eles não conheciam esse desafio. Israel não sabia que encontraria o mar vermelho, as serpentes abrasadoras, a oposição das nações cananeias, a falta de água e pão. Eles não compreenderam e submeteram ao ensino divino para sua recuperação plena da escravidão. Deus, porém, estaria com eles em todos esses desafios. Israel sempre recebeu mais do merecia, em termos de proteção, recursos e amparo divino, na viagem rumo a Canaã. Desconhecemos, igualmente, os perigos do mundo pós-pandemia, mas podemos confiar em Deus, pois Ele estará “conosco todos os dias, até a consumação do século.” (Mt 28:20)


Jó: Restauração pós calamidade pessoal (Jó 42:10-17)


Jó, talvez, seja o melhor exemplo pessoal, individualizado, sobre recomeço após uma calamidade. O texto bíblico afirma que, somente após a sua cura, seus familiares voltarem a relacionar-se com ele. Além de perder os bens, a família primária, a saúde, ele também perdeu, por algum tempo, o convívio social. Os poucos que se aproximaram dele, infelizmente, acabaram aumentando seu sofrimento psicológico (Jó 2:11-13).


A semelhança do patriarca, há pessoas, durante a pandemia, que perderam tudo. Assim como no caso de Jó, Deus pode devolver em dobro. Nossa vida pode ser ainda mais abundante após essa crise.


Marcos de Benedicto, redator chefe da CPB, resumiu o significado dessas três histórias, dizendo: “No pós-dilúvio, Noé soltou uma pomba e depois ela voltou com um ramo de oliveira, sinalizando um novo começo. No pós-êxodo, o povo passou pelo deserto e depois chegou à terra prometida. Na sua pós calamidade, Jó teve a certeza de que o Redentor vive e que ele ainda veria a Deus.”[7]

Ribamar Diniz

É pastor, escritor e editor. Atualmente é mestrando em Teologia pelo SALT/FADBA, membro da Sociedade Criacionista Brasileria e pastor distrital na Missão Pará Amapá. Seus artigos podem ser lidos em www.ribamardiniz.com.

Referencias:

 
 
 

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© 2020 por Flávio Diniz

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